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João Calábria, 4 de dezembro

São João Calábria (Verona, 8 de outubro de 1873 - Verona, 4 de dezembro de 1954) nasceu em Verona no dia 8 de outubro de 1873, sétimo e último filho de Luís Calábria, sapateiro, e de Ângela Foschio, empregada doméstica e mulher de grande fé, educada pelo Servo de Deus Pe. Nicolau Mazza, em seu Instituto para meninas pobres.

Desde o seu nascimento, a pobreza lhe foi mestra de vida. Vindo a falecer seu pai, teve que interromper a 4a série primária e trabalhar como garçom. Pe. Pedro Scapini, Reitor de São Lourenço, percebendo as virtudes do jovem, preparou-o com aulas particulares para os exames de admissão ao 2° grau, no Seminário. Tendo sido aprovado nos exames, foi admitido e freqüentou o 2° grau como aluno externo. Mas teve que interrompê-lo no 3° ano para prestar o serviço militar.

Neste sentido, o jovem distinguiu-se sobretudo pela sua caridade. Colocou-se a serviço de todos, dedicando-se aos trabalhos mais humildes e arriscados. Conquistou a amizade dos seus colegas e superiores, levando muitos à conversão e à prática da fé.

Terminado o serviço militar, retornou aos estudos. Numa noite fria de novembro de 1897 - quando freqüentava o l ° ano de teologia - regressando do hospital, onde tinha visitado doentes, encontrou encolhido na porta de sua casa um menino fugido dos ciganos. Então, acolhendo-o, levou-o para sua casa e partilhou com ele o seu pequeno quarto. Foi o inicio de suas obras com os meninos órfãos e abandonados.

Depois de alguns meses, fundou a "Pia União para a assistência aos doentes pobres", reunindo um grande número de clérigos e leigos.

Este foi somente o início de uma vida caracterizada totalmente pela caridade. "Todos os instantes de sua vida foram uma personificação do maravilhoso cântico de São Paulo sobre a Caridade", escrevia na sua carta de postulação ao papa Paulo VI uma médica hebréia que o Pe. João Calábria salvou da perseguição nazista e fascista, ocultando-a entre as religiosas do seu Instituto, vestindo-a com o hábito delas.

Em 1910 fundou também o ramo feminino, as " Irmãs ", sendo reconhecida no dia 25 de março de 1952 como Congregação de direito diocesano, com o nome de " Pobres Servas da Divina Providência" e aos 25 de dezembro de 1981 obteve a Aprovação Pontifícia.

Tendo sido ordenado sacerdote no dia 11 de agosto de 1901 foi nomeado Vigário Cooperador na paróquia Santo Estêvão e confessor no Seminário. Dedicou-se com zelo especial às confissões e ao exercício da Caridade, privilegiando sobretudo os mais pobres e marginalizados.

Em 1907, nomeado Vigário da Reitoria de São Benedito ao Monte, começou também a acolher e ajudar espiritualmente alguns soldados. No dia 26 de novembro do mesmo ano, na Rua Case Rotte, iniciou oficialmente o Instituto " Casa Buoni Fanciulli ", que no ano seguinte, foi transferido para um lugar definitivo na Rua San Zeno in Monte, atual Casa Mãe.

Com os meninos, o Senhor mandou-lhe também alguns leigos que desejavam partilhar com ele a própria doação ao Senhor. Com este pequeno grupo de homens entregues totalmente ao Senhor no serviço aos pobres com uma vida radicalmente evangélica, fez com que a Igreja de Verona revivesse o clima da Igreja Apostólica. E aquele primeiro núcleo de homens foi a base da Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência, sendo aprovada pelo Bispo de Verona aos 11 de fevereiro de 1932 e obtendo a Aprovação Pontificia aos 25 de abril de 1949.

Logo após a aprovação diocesana, a Congregação difundiu-se em várias regiões da Itália, sempre ao serviço dos pobres, dos abandonados e dos marginalizados. Extendeu a sua ação também aos idosos e doentes, dando vida à " Cittadella della Carità ". O Coração apostólico do Pe. João Calábria pensou também nos Párias da índia, enviando, no ano de 1934, quatro Irmãos a Vijayavada.

O Pe. João Calábria confiou às duas Congregações a mesma missão que o Senhor lhe inspirou desde quando era um jovem sacerdote: "Mostrar ao mundo que a Divina Providência existe, que Deus não é um estrangeiro, mas que é Pai e cuida de seus filhos, contanto que nós O acolhamos e façamos a nossa parte que é buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça" (cf. Mt 6, 25-34).

Para testemunhar tudo isto, acolheu gratuitamente em suas casas meninos necessitados material e moralmente, criou hospitais e casas para acolher e dar assistência corporal e espiritual aos doentes e idosos. Abriu casas de formação para os jovens e adultos pobres, a fim de ajudá-los a realizar a própria vocação sacerdotal ou religiosa, deixando-os livres para ingressar na diocese ou Congregação que o Senhor lhes tivesse inspirado. Estabeleceu que os seus religiosos exercitassem o apostolado nos lugares mais pobres, "onde não se pode esperar nenhuma recompensa humana".

"Resplandeceu como farol luminoso na Igreja de Deus". São exatamente estas as palavras que o Beato Cardeal Schuster mandou epigrafar sobre o túmulo do Pe. João Calábria.

Desde 1939 até o dia de sua morte, em contraste com seu inato desejo de ocultar-se, alargou os seus horizontes até alcançar as fronteiras da Igreja, " gritando " a todos que o mundo poderia salvar-se somente retornando a Cristo e ao seu Evangelho.

Foi assim que se tornou uma voz profética, um ponto de referência: bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, viram nele o guia seguro para eles mesmos e para suas próprias iniciativas.

Os bispos da Conferência Episcopal do Trivêneto, na carta de postulação endereçada ao papa João Paulo II escreveram: "Pe. Calábria, exatamente para preparar a Igreja do ano 2000 - expressão a ele familiar - fez de sua vida um sofrido e enternecido apelo à conversão, à renovação, à hora de Jesus com acentos impressionantes de premente urgência ... Parece-nos que a vida do Pe. Calábria e a sua mesma pessoa constitua uma "profecia" do vosso apaixonado grito a todo o mundo: "Abram as portas a Cristo Redentor!".

Ele compreendeu que nesta radical e profunda renovação espiritual do mundo, deveriam ser envolvidos também os leigos. Por isto, em 1944, fundou a " Família dos Irmãos Externos ", constituída por leigos. Rezou, escreveu, agiu e sofreu também para a unidade dos cristãos. Portanto, manteve fraternas relações com protestantes, ortodoxos e hebreus: escreveu, falou, amou e nunca polemizou. Conquistou com o amor. O Pastor luterano Sune Wiman de Eskilstuna (Suécia) que manteve com Pe. Calábria um abundante intercâmbio epistolar, endereçou no dia 6 de março de 1964 uma carta de postulação ao papa Paulo VI para solicitar-lhe a glorificação do seu venerado amigo.

Este foi o período misteriosamente mais doloroso de sua vida. Parecia que Jesus Cristo o tivesse associado à agonia do Getsêmani e do Calvário, aceitando a sua oferta de ser "vítima" para a santificação da Igreja e para a salvação do mundo. O Beato Cardeal Schuster comparou-o ao Servo de Javé.

Morreu no dia 4 de dezembro de 1954. Na vigília porém, fez o seu último gesto de caridade: ofereceu a sua vida ao Senhor pelo papa Pio XII, que estava agonizando. Deus aceitou sua oferta: Pe. João Calábria morreu e o Papa, misteriosa e repentinamente recuperou a saúde e viveu por mais quatro anos. O mesmo Pontífice, desconhecendo o último gesto de oferta do Pe. Calábria, mas profundo conhecedor de toda a sua vida, recebendo a notícia de sua morte, em um telegrama de pêsames à Congregação, definiu-o "campeão de evangélica caridade ".

O Pe. João Calábria foi beatificado pelo papa João Paulo II no dia 17 de abril de 1988.[1]

Clemente de Alexandria, 4 de dezembro

Clemente de Alexandria ou Tito Flávio Clemente (Atenas (?), c. 150 - Palestina, 215) foi um escritor, teólogo, apologista cristão grego nascido em Atenas.

Pesquisou as lendas menos compatíveis com os valores cristãos. Sua abertura a fontes familiares aos não cristãos ajudou a tornar o cristianismo mais aceitável para muitos deles.

Clemente foi um erudito numa época em que os cristãos eram geralmente pouco letrados. Não obstante, foi capaz de construir argumentos lógicos convincentes, baseados nas escrituras e na filosofia, a favor do cristianismo e contra os gnósticos de Valentim, que, baseados em Alexandria - o mais importante centro de atividade intelectual da época - estavam em plena expansão.

Defendeu a fraternidade e a repartição das riquezas entre os homens, observado livre-arbítrio:

“Deus criou o gênero humano para a comunicação e a comunhão de uns com os outros, como ele, que começou a repartir do seu e a todos os homens proveu seu Logos comum, e tudo fez por todos. Logo tudo é comum, e não pretendam os ricos ter mais que os outros. Da homilia Quis dives salvetur? ("Que rico se salvará?"), baseada na história de Jesus e o jovem rico (Marcos 10:17-31).

"De sorte que não é rico aquele que possui e guarda mas aquele que dá; e este dar, não o possuir, faz o homem feliz. Portanto, o fruto da alma é essa prontidão em dar. Logo na alma está o ser rico." (Pedagogo 3, 6).

O historiador Eusébio de Cesareia considerava Clemente um incomparável mestre da filosofia e, para São Jerônimo, Clemente foi o mais erudito dos Padres da Igreja.

Nascido provavelmente em Atenas, de pais pagãos, foi instruído profundamente na filosofia neoplatônica.

Já adulto, decidiu voltar-se ao cristianismo. Depois de convertido, viajou, buscando instruir-se, ligando-se a diversos mestres - na Ionia, Magna Grécia, Síria, Egito, Assíria e na Palestina. Finalmente, por volta de 175 - 180, na Escola de teologia de Alexandria (Didaskaleion), encontrou o filósofo patrístico Panteno (século II) e nos seus ensinamentos, "encontrou a paz", sucedendo-lhe por volta de 189 como líder espiritual da comunidade cristã de Alexandria. Ali permaneceu durante vinte anos, tornando-se um dos mais ilustrados padres primitivos.

No período pré-nicênico de formação da patrística, combateu os hereges gnósticos. Estabeleceu o programa educativo da escola catequética alexandrina, o qual, séculos mais tarde, serviria de base ao trivium e ao quadrivium, grupos de disciplinas que constituíam as artes liberais na Idade Média.

Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a trilogia formada por Exortação, Pedagogo e Miscelâneas.

Clemente defendeu a teoria da causa justa para a rebelião contra o governante que escravizasse seu povo. Em O Discurso escreveu sobre a salvação dos ricos e sobre temas como o bem-estar, a felicidade e a caridade cristã.

Clemente de Alexandria teve um papel importantíssimo na história da hermenêutica entre os judeus e os cristãos no período patrístico.

Em Alexandria, no período helenístico, a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e se influenciaram mutuamente, ali surgindo a escola que, influenciada pela filosofia platônica, encontrou um método natural de harmonizar religião e filosofia na interpretação alegórica da Bíblia. Clemente de Alexandria foi o primeiro a aplicar essa abordagem à interpretação do Antigo Testamento, em substituição à interpretação literal.

Datam também da época helenística as primeiras aproximações do budismo com o mundo ocidental. Mercadores indianos que viviam em Alexandria propagaram sua fé budista pela região. Clemente de Alexandria foi o primeiro autor ocidental a citar em suas obras o nome de Buda.

Durante a perseguição aos cristãos (201-202), pelo imperador romano Sétimo Severo, Clemente transferiu seu cargo na escola catequética ao discípulo Orígenes e refugiou-se na Palestina, junto a um antigo aluno, Alexandre, bispo de Jerusalém, lá permanecendo até sua morte.

Obras

Opera omnia, 1715
Exortação aos gregos (Protreptikos pros Ellenas)
Disposições (Hypotyposeis)
Pedagogo (Paidagogos)
Miscelânia (Stromateis)


Texto do Papa Bento XVI


Clemente de Alexandria, um grande teólogo que nasceu provavelmente em Atenas em meados do século II. De Atenas herdou aquele acentuado interesse pela filosofia, que teria feito dele um dos pioneiros do diálogo entre fé e razão na tradição cristã. Ainda jovem, ele chegou a Alexandria, a "cidade-símbolo" daquele fecundo cruzamento entre culturas diversas que caracterizou a idade helenística. Lá foi discípulo de Panteno, até lhe suceder na direcção da escola catequética.

Numerosas fontes confirmam que foi ordenado presbítero. Durante a perseguição de 202-203 abandonou Alexandria para se refugiar em Cesareia, na Capadócia, onde faleceu por volta de 215.

As obras mais importantes que dele nos restam são três: o Protréptico, o Pedagogo e o Estrómata. Mesmo parecendo não ser esta a intenção originária do autor, é uma realidade que estes escritos constituem uma verdadeira trilogia, destinada a acompanhar eficazmente a maturação espiritual do cristão. O Protréptico, como diz a própria palavra, é uma "exortação" dirigida a quem inicia e procura o caminho da fé. Ainda melhor, o Protréptico coincide com uma Pessoa: o Filho de Deus, Jesus Cristo, que se faz "exortador" dos homens, para que empreendam com decisão o caminho rumo à Verdade. O próprio Jesus Cristo se faz depois Pedagogo, isto é "educador" daqueles que, em virtude do Baptismo, já se tornaram filhos de Deus. O próprio Jesus Cristo, por fim, é também Didascalos, isto é, "Mestre" que propõe os ensinamentos mais profundos. Eles estão reunidos na terceira obra de Clemente, os Estrómatas, palavra grega que significa "tapeçaria": de facto, trata-se de uma composição não sistemática de vários assuntos, fruto directo do ensinamento habitual de Clemente.

No seu conjunto, a catequese clementina acompanha passo a passo o caminho do catecúmeno e do baptizado para que, com as suas "asas" da fé e da razão, eles alcancem um conhecimento íntimo da Verdade, que é Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Só este conhecimento da pessoa que é a verdade, é a "verdadeira gnose", a expressão grega que corresponde a "conhecimento", "inteligência". É o edifício construído pela razão sob o impulso de um princípio sobrenatural. A própria fé constrói a verdadeira filosofia, isto é, a verdadeira conversão no caminho a ser empreendido na vida. Por conseguinte, a autêntica "gnose" é um desenvolvimento da fé, suscitado por Jesus Cristo na alma unida a Ele. Clemente distingue depois entre dois níveis da vida cristã. O primeiro: os cristãos crentes que vivem a fé de modo comum, mas sempre aberta aos horizontes da santidade. E depois, o segundo: os "gnósticos", isto é, os que já conduzem uma vida de perfeição espiritual: contudo o cristão deve partir da base comum da fé e através de um caminho de busca deve deixar-se guiar por Cristo para, desta forma, chegar ao conhecimento da Verdade e das verdades que formam o conteúdo da fé. Este conhecimento, diz-nos Clemente, torna-se a alma de uma realidade vivente: não é só uma teoria, é uma força de vida, uma união de amor transformante.

O conhecimento de Cristo não é só pensamento, mas é amor que abre os olhos, transforma o homem e gera comunhão com o Logos, com o Verbo divino que é verdade e vida.

Nesta comunhão, que é o conhecimento perfeito e amor, o cristão perfeito alcança a contemplação, a unificação com Deus.

Clemente retoma finalmente a doutrina segundo a qual o fim último do homem é tornar-se semelhante a Deus. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, mas isto ainda é um desafio, um caminho; de facto, a finalidade da vida, o destino último é verdadeiramente tornar-se semelhantes a Deus. Isto é possível graças à conaturalidade com Ele, que o homem recebeu no momento da criação, pelo que ele já é em si já em si a imagem de Deus. Esta conaturalidade permite conhecer as realidades divinas, às quais o homem adere antes de tudo pela fé e, através da fé vivida, da prática da virtude, pode crescer até à contemplação de Deus. Assim, no caminho da perfeição, Clemente atribui à exigência moral a mesma importância que atribui à intelectual. Os dois caminham juntos porque não se pode conhecer sem viver e não se pode viver sem conhecer. A assimilação a Deus e a contemplação d'Ele não podem ser alcançadas unicamente com o conhecimento racional: para esta finalidade é necessária uma vida segundo o Logos, uma vida segundo a verdade. E por conseguinte, as boas obras devem acompanhar o conhecimento intelectual como a sombra segue o corpo.

Principalmente duas virtudes ornamentam a alma do "verdadeiro gnóstico". A primeira é a liberdade das paixões (apátheia); a outra é o amor, a verdadeira paixão, que garante a união íntima com Deus. O amor doa a paz perfeita, e coloca o "verdadeiro gnóstico" em condições de enfrentar os maiores sacrifícios, também o sacrifício supremo no seguimento de Cristo, e fá-lo subir de degrau em degrau até ao vértice das virtudes. Assim o ideal ético da filosofia antiga, isto é, a libertação das paixões, é definido e conjugado por Clemente com amor, no processo incessante de assimilação a Deus.

Deste modo o Alexandrino constrói a segunda grande ocasião de diálogo entre o anúncio cristão e a filosofia grega. Sabemos que São Paulo no Areópago em Atenas, onde Clemente nasceu, tinha feito a primeira tentativa de diálogo com a filosofia grega e em grande parte tinha falhado mas tinham-lhe dito: "Ouvir-te-emos outra vez". Agora Clemente, retoma este diálogo, e eleva-o ao mais alto nível na tradição filosófica grega. Como escreveu o meu venerado Predecessor João Paulo II na Encíclica Fides et ratio, o Alexandrino chega a interpretar a filosofia como "uma instrução propedêutica à fé cristã" (n. 38). E, de facto, Clemente chegou a ponto de afirmar que Deus dera a filosofia aos Gregos "como um seu próprio Testamento" (Strom. 6, 8, 67, 1). Para ele a tradição filosófica grega, quase ao nível da Lei para os Judeus, é âmbito de "revelação", são duas correntes que, em síntese, se dirigem para o próprio Logos. Assim Clemente continua a marcar com decisão o caminho de quem pretende "dizer a razão" da própria fé em Jesus Cristo. Ele pode servir de exemplo para os cristãos, catequistas e teólogos do nosso tempo, aos quais João Paulo II, na mesma Encíclica, recomendava que "recuperassem e evidenciassem do melhor modo a dimensão metafísica da verdade, para entrar num diálogo crítico e exigente com o pensamento filosófico contemporâneo".

Concluímos fazendo nossas algumas expressões da célebre "oração a Cristo Logos", com a qual Clemente encerra o seu Pedagogo. Ele suplica assim: "Sê propício aos teus filhos"; "Concede que vivamos na tua paz, que sejamos transferidos para a tua cidade, que atravessemos sem ser submergidos as ondas do pecado, que sejamos transportados em tranquilidade pelo Espírito Santo e pela Sabedoria inefável: nós, que de noite e de dia, até ao último dia cantamos um cântico de acção de graças ao único Pai,... ao Filho pedagogo e mestre, juntamente com o Espírito Santo. Amém!" (Ped. 3, 12, 101).

Santa Bárbara de Nicomédia 4 de dezembro

Bárbara de Nicomédia (Nicomédia, c. 280 - Nicomédia, c. 317) foi uma virgem mártir do século III comemorada como santa cristã na Igreja Católica Romana, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Anglicana. Em Portugal e no Brasil, tornou-se popular a devoção à Santa Bárbara, invocada como protetora por ocasião de tempestades, raios e trovões, dando origem à expressão Só se lembram de Santa Bárbara quando troveja..

Ela é comemorada no dia 4 de dezembro

Santa Bárbara foi, segundo a Tradição católica, uma jovem nascida na cidade de Nicomédia (na região da Bitínia), atual İzmit, Turquia nas margens do Mar de Mármara, isto nos fins do século III da Era cristã. A moça era a filha única de um rico e nobre habitante desta cidade do Império Romano chamado Dióscoro.[1]

Por ser filha única e com receio de deixar a filha no meio da sociedade corrupta daquele tempo, Dióscoro decidiu fechá-la numa torre. Santa Bárbara na sua solidão, tinha a mata virgem como quintal, e questionava-se se de fato, tudo aquilo era criação dos ídolos que aprendera a cultuar com seus tutores naquela torre.[1]

Por ser muito bela e, acima de tudo, rica, não lhe faltavam pretendentes para casamentos, mas Bárbara não aceitava nenhum.

Desconcertado diante da cidade, Dióscoro estava convencido que as "desfeitas" da filha justificavam-se pelo fato dela ter ficado trancada muitos anos na torre. Então, ele permitiu que ela fosse conhecer a cidade; durante essa visita ela teve contato com cristãos, que lhe contaram sobre os ensinamentos de Jesus sobre o mistério da união da Santíssima Trindade. Pouco tempo depois, um padre vindo de Alexandria a batizou.[1]

Em certa ocasião, seu pai "decidiu construir uma casa de banho com duas janelas para Bárbara. Todavia, dias mais tarde, ele viu-se obrigado a fazer uma longa viagem. Enquanto Dióscoro viajava, Barbara ordenou a construção de uma terceira janela na torre, visto que a casa de banho ficara na torre. Além disso, ela esculpira uma cruz sobre a fonte".[1]

O seu pai Dióscoro, quando voltou, reparou que a torre onde tinha trancado a filha tinha agora três janelas em vez das duas que ele mandara abrir. Ao perguntar à filha o porquê das três janelas, ela explicou-lhe que isso era o símbolo da sua nova Fé. Este fato deixou o pai furioso, pois ela se recusava a seguir a Religião da Roma Antiga.[1]

Debaixo de um impulso e fúria, e obedecendo a suas tradições romanas, Dióscoro denunciou a própria filha ao prefeito Marciniano que a mandou torturar numa tentativa de a fazer renunciar sua fé, fato que não aconteceu. Assim, Márcio condenou-a à morte por degolação".[1]

Durante sua tortura em praça pública, uma jovem cristã de nome Juliana denunciou os nomes dos carrascos, e imediatamente foi presa e entregue à morte juntamente com Bárbara.[1]

Ambas foram levadas pelas ruas de Nicomédia por entre os gritos de raiva da multidão. Bárbara teve os seios cortados, depois foi conduzida para fora da cidade onde o seu próprio pai a executou, degolando-a. Quando a cabeça de Bárbara rolou pelo chão, um imenso trovão estrondou pelos ares fazendo tremer os céus. Um relâmpago flamejou pelos ares e atravessando o céu fez cair por terra o corpo sem vida de Dióscoro.[1]

Santa Bárbara passou a ser conhecida como "protetora contra os relâmpagos e tempestades" e é considerada a Padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos quantos trabalham com fogo.

Santa Bárbara é frequentemente retratada com correntes em miniatura e uma torre.

Como uma das catorze santas auxiliares, Barbara continua a ser uma santa popular nos tempos modernos.

O nome de Santa Bárbara era conhecido em Roma no século VII; seu culto pode ser rastreado até o século IX, primeiro no Oriente. Como não há menção a ela nos martirológicos anteriores, sua historicidade é considerada duvidosa.

Várias versões, que incluem duas peças de mistério sobreviventes, diferem na localização de seu martírio, que é dado de várias maneiras como Toscana, Roma, Antioquia, Baalbek e Nicomedia.

Santa Bárbara é um dos catorze santos auxiliares. Sua associação com o raio, que matou seu pai, fez com que ela fosse invocada contra raios e fogo; por associação com explosões, ela também é a patrona da artilharia e mineração.

Sua festa em 4 de dezembro foi introduzida em Roma no século XII e incluída no calendário tridentino . Em 1729, essa data foi designada para a celebração de São Pedro Crisólogo, reduzindo a de Santa Bárbara a uma comemoração em sua missa. Em 1969, foi removida desse calendário, porque os relatos de sua vida e martírio foram considerados inteiramente fabulosos, sem clareza até sobre o local de seu martírio.

No século XII, as relíquias de Santa Bárbara foram trazidas de Constantinopla para o Mosteiro com Cúpula Dourada de São Miguel em Kiev, onde foram mantidas até a década de 1930, quando foram transferidas para a Catedral de São Volodymyr na mesma cidade. Em novembro de 2012, seu patriarca de santidade, Filaret, da Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Kiev, trouxe uma pequena parte das relíquias de Santa Bárbara à Catedral Ortodoxa Ucraniana de Santo André, em Bloomingdale, Illinois.

São João Damasceno 04 de dezembro

João Damasceno ou João de Damasco (em grego: Ἰωάννης ὁ Δαμασκηνός; transl.: Iōannēs ho Damaskēnos; em latim: Iohannes Damascenus; 675 - 4 de dezembro de 749), dito Crisórroas (Chrysorrhoas; "boca de ouro"), foi um monge e sacerdote sírio. Nascido e criado em Damasco, morreu em seu mosteiro, Mar Saba, perto de Jerusalém. Um polímata cujos interesses incluíam direito, teologia e música, algumas fontes afirmam que serviu como administrador-chefe do califa de Damasco antes de sua ordenação.

Escreveu obras explicando a fé cristã e compôs hinos que ainda são utilizados na liturgia no cristianismo oriental por todo o mundo. João é considerado "o último dos Padres da Igreja" pela Igreja Ortodoxa e é mais conhecido por sua contundente defesa da veneração de ícones. A Igreja Católica o considera um Doutor da Igreja, geralmente chamado de "Doutor da Assunção" por causa de suas obras sobre a Assunção de Maria.

Biografia

A fonte de informações sobre a vida de João Damasceno mais utilizada é uma obra atribuída a João de Jerusalém, que se identifica nela como patriarca de Jerusalém, uma tradução para o grego de um original árabe. Este original, por sua vez, não contém um prólogo encontrado na maioria das traduções e foi escrita por um monge chamado "Miguel". Ele explica que decidiu escrever a biografia em 1084 por que não havia nenhuma disponível na época. Porém, a parte principal do texto parece ter sido escrita por um autor anterior em algum momento entre o início do século IX e o final do X em árabe. Escrita de um ponto de vista hagiográfico, propenso a exageros e detalhes lendários, a obra não é uma fonte ideal para informações sobre a vida de João, mas contém alguns elementos valiosos e foi amplamente reproduzida.

A novela hagiográfica "Barlaão e Josafá", tradicionalmente atribuída a João, é, na realidade, uma obra do século X de autor desconhecido.

João nasceu numa proeminente família conhecida como Almançor (em árabe: المنصور - al-Mansǔr: "vitoriosa") em Damasco no século VII. Seu nome completo era Iuana/Iana ibne Almançor ibne Sarjum (em árabe: منصور بن سرجون, lit. 'Yuhanna/Yanah ibn Mansur ibn Sarjun'), em homenagem ao seu avô, que havia sido responsável pela coleta de impostos na região sob o imperador bizantino Heráclio (r. 610–641).A falta de documentação atestando a sua linhagem tribal específica levou diversos acadêmicos a colocá-lo entre os Taglibe ou os Calbe, duas proeminentes tribos cristãs-árabes do Deserto da Síria. Outros sugerem que ele pode ter sido um sírio de origem não-árabe. Qualquer que seja o caso, João Damasceno tinha dois nomes: João, seu nome cristão, e seu nome árabe, citado como Cureim (Qurein), Iana (Yana) ou Iaana (Yahanna).

Eutíquio, um patriarca melquita do século X, menciona um certo governador árabe da cidade que teria rendido-a aos muçulmanos, provavelmente o avô de João, Almançor ibne Sargum. Quando a região caiu sob o jugo dos omíadas no final do século VII, a corte de Damasco manteve seu grande contingente de servidores civis cristãos, inclusive o avô de João. O pai dele, Sargum (Sérgio) ou ibne Almançor, continuou a servir os califas omíadas. De acordo com João de Jerusalém e algumas versões posteriores de sua vida, após a morte do pai, João também serviu na corte do califa antes de se tornar monge. Esta tese tem sido questionada uma vez que ele não é mencionado nas fontes muçulmanas, que, contudo, citam seu pai.[18] Além disso, as obras do próprio João Damasceno jamais fizeram referência à qualquer experiência na corte muçulmana por parte dele. Acredita-se que João tenha se tornado monge em Mar Saba e que foi ordenado sacerdote em 735.

Educação
Uma das biografias se João descreve o plano de seu pai para ele, de "aprender não apenas através dos livros dos muçulmanos, mas dos gregos também". A partir disso, sugere-se que João possa ter sido criado de forma bilíngue. Ele de fato mostra algum conhecimento do Corão, que critica duramente.

Outras fontes descrevem a sua educação em Damasco como tendo sido conduzida de acordo com os princípios da educação helenística, chamada de "secular" por uma fonte e "cristã clássica" por outra.Um relato identifica seu tutor como um monge chamado Cosme, que teria sido raptado pelos árabes de sua casa na Sicília, e por quem o pai de João teria pago uma grande quantia. Sob a batuta de Cosme, que também ensinava para o amigo órfão de João (que ficaria conhecido como Cosme de Maiuma), acredita-se que João tenha feito grandes avanços em música, astronomia e teologia, logo rivalizando Pitágoras em aritmética e Euclides em geometria

Defesa dos ícones
Ver artigo principal: Iconoclasma

Iluminura mostrando o patriarca João VII Gramático destruindo um ícone.
Detalhe do Saltério de Chludov
No início do século VIII, o iconoclasma, um movimento que buscava proibir a veneração de ícones, ganhou força no Império Bizantino. Em 726, apesar dos protestos do patriarca constantinopolitano Germano I, o imperador Leão III, o Isauro (r. 717–741) emitiu seu primeiro édito contra a veneração de imagens e sua exibição em lugares públicos.[23] Um escritor talentoso – e protegido por estar em território do califa – João Damasceno iniciou uma vigorosa defesa das imagens sagradas em três publicações separadas. A mais antiga, chamada "Tratados Apologéticos contra a Condenação das Imagens Sagradas", assegurou a sua reputação. Ele não somente atacou o imperador, mas adotou um estilo simples que permitiu que a controvérsia fosse acompanhada pelo povo mais simples, estimulando a rebelião entre os fiéis. Posteriormente, suas obras também teriam um papel importante durante o Segundo Concílio de Niceia (787), que se reuniu justamente para tratar do assunto.

A biografia de João Damasceno reconta pelo menos um episódio considerado como improvável ou lendário[24][25] Ela relata que Leão III enviou documentos falsificados para o califa que implicavam João numa conspiração para atacar Damasco. O califa teria então ordenado que a mão direita de João fosse amputada e pendurada em lugar público. Alguns dias depois, João pediu a restituição de sua mão e rezou fervorosamente pela intervenção da Teótoco (Virgem Maria) perante seu ícone. Logo em seguida, sua mão teria sido milagrosamente curada[24]. Em agradecimento pela cura milagrosa, ele anexou uma mão de prata ao ícone, que passou a ser conhecido a partir daí como "Três mãos" ou "Tricheirousa".[26] A biografia continua afirmando que, depois deste evento, João pediu permissão para deixar seu posto e se retirou para o mosteiro de Mar Saba. Um editor de suas obras, o padre Michel Le Quien, demonstrou, porém, que João de Damasco já era monge em Mar Saba antes da disputa iconoclasta, um fato que só torna a história ainda mais improvável[24]. Já se argumentou que João havia deixado Damasco para se tornar monge em 706, quando Ualide I (r. 705–715) tornou mais agressiva a islamização entre os servidores do califado.[27] Fontes muçulmanas mencionam apenas que Sarjum, pai de João, teria deixado a administração nesta época, sem mencionar João.[18]

Anos finais e devoção
João morreu em 749[1] e foi logo reconhecido como santo. Em 1883 a Santa sé declarou-o Doutor da Igreja.[23] Quando o nome de São João Damasceno foi inserido no Calendário Geral Romano, em 1890, ele era festejado em 27 de março. Esta data sempre cai na Quaresma, um período no qual não se comemoram os memórias obrigatoriamente. Em 1969, ela foi mudada para o dia da morte do santo, 4 de dezembro, dia no qual ela é celebrada também na Igreja Ortodoxa[28] e pelos luteranos.[29]

Lista de obras

Ioannis Damasceni Opera, 1603
Além de suas obras puramente textuais, muitas das quais estão listadas abaixo, João Damasceno também compôs hinos, aperfeiçoando o "canon", um hino de forma estruturada utilizado na Igreja Ortodoxa.[30]

Primeiras obras
Os três "Tratatos Apologéticos contra a Condenação das Imagens Sagradas" estão entre as suas primeiras obras em resposta ao édito do imperador bizantino Leão III, o Isáurio (r. 717–741) contra a veneração e exibição das imagens sagradas.[31]
Ensinamentos e obras dogmáticas
"Fonte de Conhecimento" ou "Fonte da Sabedoria", dividida em três partes:
Capítulos filosóficos (Kephálaia philosophiká) – Geralmente chamados de "Dialética", lida principalmente com lógica, sendo o seu principal objetivo preparar o leitor para melhor entender o resto do livro.
Sobre a Heresia (Perì hairéseōn) – O último capítulo desta parte (cap. 101) lida com a heresia dos ismaelitas.[32] Ao contrário das seções anteriores, devotadas a combater outras heresias, dispostas em poucas linhas de forma sucinta, este capítulo cobre várias páginas. É um dos primeiros exemplos de escritos polêmicos contra o Islã e o primeiro escrito por um membro da ortodoxia bizantina.
Uma Composição Exata da Fé Ortodoxa (Ékdosis akribès tēs Orthodóxou Písteōs) – Um sumário do escritos dogmáticos dos primeiros Padres da Igreja. Foi a primeira obra do escolasticismo no cristianismo oriental e uma importante influência no pensamento escolástico posterior.[33]
Contra os Jacobitas
Contra os Nestorianos
Diálogo contra os Maniqueístas
Introdução Elementar nos Dogmas
Carta sobre o Hino Três Vezes Sagrado
Sobre o Pensamento Correto
Sobre a Fé, contra os Nestorianos
Sobre as Duas Vontades em Cristo (Contra os Monotelitas)
Paralelos Sagrados (de atribuição dúbia)
Sobre Dragões e Fantasmas

Santa Bartolomea, 27 de julho

Santa Bartolomea Capitanio

     Bartolomea Capitanio nasceu em Lovere, Bérgamo, na região da Lombardia no norte da Itália, no dia 13 de janeiro de 1807, filha de Modesto e de Catarina Canossi.
     Desde menina, Santa Bartolomea se mostrou precoce e esperta, e com grande interesse por ensinar. Com todo seu afã por aprender, aos 11 anos ingressou no Mosteiro das Clarissas de Lovere, e em 1822 obteve o diploma de educadora. Naquele educandário, graças à direção de uma superiora culta e piedosa, Irmã Francisca Parpani, Bartolomea fez grandes progressos nos estudos e na via da perfeição. Dois anos depois voltou para casa, onde abriu uma pequena escola para meninas pobres.
     Rica de dons e naturalmente expansiva, Bartolomea não tardou a voltar sua atenção para outro campo de apostolado: a juventude feminina, na qual as ideias péssimas da Revolução Francesa tinham deixado sinais de ruína e falta de orientação moral.
     Devido sua atividade pedagógica manteve contato com outra pessoa também original de Lovere, e que como ela atingiria a santidade. De fato, Santa Bartolomea Capitanio entrou em contato com Santa Vicência Gerosa (1784-1847) (28 de junho), a qual seria sua amiga, companheira e com quem executaria seus planos. Em 1829, Santa Bartolomea começou a trabalhar como diretora no hospital para pobres que tinha sido fundado pelas irmãs Gerosa na mesma cidade de Lovere.
     Durante os exercícios espirituais feitos em Sellere, em 1829, Bartolomea escreveu a Regra de uma nova Instituição, para a qual havia conquistado a adesão de Vicência Gerosa. Quando estas duas amigas se conhecem mais intimamente e trocam ideias, ambas contemplam a grandiosa possibilidade de trabalharem juntas pela juventude, principalmente pelas jovens.
     Assim, fundam a Congregação das Irmãs de Maria Menina, em 1832, instalando-se em um antigo edifício abandonado que tinha o nome de Casa Gaya, e que as pessoas começaram a chamar "o Conventinho".
     Após terem feito os votos solenes de pobreza, obediência e caridade, ofereceram a si mesmas ao serviço dos pobres. Na nova casa se concentraram as obras já iniciadas por Bartolomea: a escola gratuita para as filhas do povo, o orfanato com dez alunas, as reuniões festivas, as pias uniões e a assistência a quantos buscassem ajuda moral e material.
     Em 22 de junho de 1833, Bartolomea e Vicência apresentam o Capítulo Jurídico em catorze artigos, declarando unir-se em sociedade legal, que foi reconhecida pelo governo austríaco (a região então fora anexada a Áustria).
     A obra de ambas foi crescendo com uma rapidez assombrosa, acolhendo cada vez mais discípulas. Entretanto, Bartolomea somente pode dedicar-se à sua fundação por pouco tempo: no dia 26 de julho de 1833, a morte interrompia sua existência breve de anos, mas rica de obras.
     Santa Bartolomea Capitanio destacou-se na perfeição do serviço ao próximo. Foi canonizada junto com Santa Vicência Gerosa em 1950 pelo Papa Pio XII.
     Com a morte de Bartolomea o Instituto parecia que iria naufragar, mas foi se desenvolvendo lentamente, e sem interrupção. Em 21 de novembro de 1835 teve lugar a vestição solene das primeiras Irmãs e a eleição de Vicência Gerosa como superiora. Em 21 de maio de 1837 fundou-se o orfanato de Santa Clara em Bérgamo; em 29 de junho de 1840 o Instituto recebeu a aprovação da Santa Sé e em fevereiro de 1841 a aprovação definitiva da Corte de Viena. Em 12 de março de 1842 foi criada a primeira fundação em Milão; em 7 de fevereiro de 1860 as quatro primeiras Irmãs missionárias partiram para a Índia (Bengala), chamadas por Mons. Marinoni. As Irmãs de Maria Menina são hoje cerca de dez mil, compreendendo setecentas casas.

Nascimento de João Batista, 24 de junho

O Nascimento de João Batista (ou Dia de São João ou Nascimento do Precursor ) é uma festa cristã celebrando o nascimento de João Batista, um profeta que previu o advento do Messias na pessoa de Jesus Cristo e o batizou. Esta festa é amplamente comemorada no mundo cristão no dia 24 de junho e é uma das festas juninas. É também o único santo cujo nascimento e martírio, este último em 29 de Agosto, são evocados em duas solenidades pelo povo cristão[1].

A noite de 23 de Junho, véspera do Dia de São João, marca o início da celebração da festa de São João Batista. O Evangelho de Lucas (Lucas 1:36, 56-57) afirma que João nasceu cerca de seis meses antes de Jesus; portanto, a festa de São João Batista foi fixada em 24 de junho, seis meses antes da véspera de Natal. Este dia de festa é um dos poucos dias santos que comemora o aniversário do nascimento, ao invés da morte, do santo homenageado.

A festa se originou na Idade Média na celebração dos chamados Santos Populares (Santo António, São Pedro e São João; ver Festa de São Pedro e São Paulo). Além de São João, comemorado no dia 24, os outros são São Pedro (no dia 29) e Santo António (no dia 13). Em Portugal, as festas dos três marcam o início das festas católicas em todo o país.[2]

João Batista é o único santo, além da Virgem Maria, de que se celebra o nascimento tanto para a terra, quanto para o céu. Segundo os evagelhos, é o maior dos profetas (Lc 7, 26-28), porque pôde apresentar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29. 36). Sua vocação reveste-se de acontecimentos extraordinários, repletos de júbilo messiânico, que preparam o nascimento de Jesus (cf. Lc 1, 14. 58). João é precursor de Cristo pela palavra e pela vida (Mc 3, 11).
O cristãos há muito interpretam a vida de João Batista como uma preparação para o advento de Jesus e as circunstâncias de seu nascimento, relatados no Novo Testamento, são também milagrosos. O único relato bíblico sobre o nascimento do profeta está no Evangelho de Lucas. Os pais de João, Zacarias - um sacerdote judeu - e Isabel não tinham filhos e já haviam passado da idade de tê-los. Durante uma jornada de trabalho servindo no Templo de Jerusalém, ele foi escolhido por sorteio para oferecer incenso no Altar Dourado no Santo dos Santos.

O Arcanjo Gabriel apareceu para ele e anunciou que a esposa de Zacarias iria dar à luz uma criança e que ele deveria chamá-lo de João. Porém, por não ter acreditado na mensagem de Gabriel, Zacarias perdeu a voz. Com o nascimento de seu filho, seus parentes quiseram então dar-lhe o nome do pai e Zacarias, sem poder falar, escreveu: "Seu nome é João", tendo sua voz devolvida[3]. A importância do nome advém do seu significado que é "Deus é propício"[4]. Depois de ter obedecido o comando de Deus, ele recebeu o dom da profecia e previu o futuro de João[5]. O cântico que Zacarias profere em seguida, chamado Benedictus, é utilizado até hoje nos serviços litúrgicos de diversas denominações cristãs[6].

Na Anunciação, quando o Arcanjo Gabriel apareceu para a Virgem Maria para informá-la que ela iria conceber seu filho Jesus através do Espírito Santo, ele também a informou de que Isabel, sua prima, já estava grávida de seis meses[7]. Maria então viajou para visitar Isabel. O Evangelho de Lucas relata que o bebê "chutou" no ventre de Isabel quando ela cumprimentou Maria[8].

São José Cafasso

José Cafasso nasceu em Castelnuovo Don Bosco, no ano de 1811. Desde criança sentiu-se chamado ao sacerdócio.

Foi ordenado padre aos vinte e três anos de idade. Destacou-se pelo serviço aos pobres e o zelo pela salvação das almas. Depois de dedicado trabalho na igreja São Francisco de Assis, em Turim, foi nomeado reitor e formador de novos sacerdotes: estima-se que tenha formado mais de cem sacerdotes. Era curvado, devido a um problema na coluna.

São João Bosco foi um dos vocacionados por São José Cafasso, que o serviu como professor, conselheiro e director espiritual por 20 anos[1].

É considerado co-fundador dos Salesianos[2].

Por vários anos dedicou-se à confissão dos encarcerados e encarceradas: era certo de que queria ouvir os presos e condenados, e consola-los mesmo depois da Confissão. Ficou famoso por suas constantes visitas às prisões, e nos enforcamentos que eram realizados em sua cidade. Dentre os vários ofícios que assumidos, destacava-se a evangelização aos condenados à morte, tanto que é conhecido como o Santo da Forca.

Faleceu jovem, em 23 de junho de 1860 com qüarenta e nove anos de idade.

Sua festa litúrgica é celebrada aos 23 de junho.

Foi canonizado em 1947 pelo Papa Pio XII[3].

Papa Inocêncio V

Beato Inocêncio V OP, nascido Pierre de Tarentaise (Tranatsia (Borgonha), 1225 - Roma, 22 de Junho de 1276). Foi eleito Papa a 21 de Janeiro de 1276, durando o seu pontificado apenas 5 meses, até o dia de sua morte. É venerado como Santo.

Na juventude abraçou a Ordem dos Pregadores, na qual teve grande fama de pregador, ao ponto de ser chamado de «doctor famosissimus». Estudante na Universidade de Paris teve como professores Alberto Magno e Tomás de Aquino. Após ter sido provincial, foi eleito arcebispo de Lyon e portanto Primaz das Gálias. Em 1273, foi feito Cardeal-Bispo de Ostia. Teve um importante papel no II Concílio de Lyon e pronunciou a oração fúnebre de São Boaventura.

O único apontamento digno de nota no seu breve pontificado foi o seu desejo de reunir-se com a Igreja Oriental.

Autor de diversa obra de filosofia, teologia, e direito canónico, incluindo comentários às epístolas de São Paulo e às Sentenças de Pedro Lombardo.

Foi beatificado por Leão XIII a 13 de Março de 1878. Sua memória se dá a 23 de Junho.

Thomas More

Thomas More, Thomas Morus ou Tomás Moro (Londres, 7 de fevereiro de 1478 — Londres, 6 de julho de 1535) foi homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Sua principal obra literária é Utopia[1].

Foi canonizado como mártir da Igreja Católica em 19 de maio de 1935 e sua festa litúrgica celebra-se em 22 de junho.
Thomas More chegou a se autodescrever como "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras". Era filho do juiz sir John More, investido cavaleiro por Eduardo IV, e de Agnes Graunger. Casou-se com Jane Colt em 1505, em primeiras núpcias, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Jane morreu em 1511 e Thomas More casou-se em segundas núpcias com lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor, caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. Dele se disse que era amigo de seus amigos, entre os quais se encontravam os mais destacados humanistas de seu tempo, como Erasmo de Rotterdam e Luis Vives.

Deu aos filhos uma educação excepcional e avançada para a época, não discriminando a educação dos filhos e das filhas. A todos indistintamente fez estudar latim, grego, lógica, astronomia, medicina, matemática e teologia. Sobre esta família escreveu Erasmo: "Verdadeiramente, é uma felicidade conviver com eles."

Sobre sua vida privada disse João Paulo II: "A sua sensibilidade religiosa levou-o a procurar a virtude através duma assídua prática ascética: cultivou relações de amizade com os franciscanos conventuais de Greenwich e demorou-se algum tempo na cartuxa de Londres, que são dois dos focos principais de fervor religioso do Reino. Sentindo a vocação para o matrimônio, a vida familiar e o empenho laical, casou-se em 1505 com Joana Colt, da qual teve quatro filhos. Tendo esta falecido em 1511, Tomás desposou em segundas núpcias Alice Middleton, já viúva com uma filha. Ao longo de toda a sua vida, foi um marido e pai afetuoso e fiel, cooperando intimamente na educação religiosa, moral e intelectual dos filhos. A sua casa acolhia genros, noras e netos, e permanecia aberta a muitos jovens amigos que andavam à procura da verdade ou da própria vocação. Além disso, na vida de família dava-se largo espaço à oração comum e à lectio divina, e também a sadias formas de recreação doméstica. Diariamente, Thomas participava na Missa na igreja paroquial, mas as austeras penitências que abraçava eram conhecidas apenas dos seus familiares mais íntimos." [2]

Fez carreira como advogado respeitado, honrado e competente e exerceu por algum tempo a cátedra universitária. Em 1504, fazia parte da Câmara dos Comuns da qual foi eleito Speaker (ou presidente), tendo ganho fama de parlamentar combativo. Em 1510, foi nomeado Under-Sheriff de Londres, no ano seguinte juiz membro da Commission of Peace. Entrou para a corte de Henrique em 1520 foi várias vezes embaixador do rei e tornou-se cavaleiro (Knight) em 1521. Foi nomeado vice-tesoureiro e depois Chanceler do Ducado de Lancaster e, a seguir, Chanceler da Inglaterra.
A sua obra mais famosa é "Utopia" (1516) (em grego, utopos = "em lugar nenhum") . Neste livro criou uma ilha-reino imaginária que alguns autores modernos viram como uma proposta idealizada de Estado e outros como sátira da Europa do século XVI. Um dos aspectos desta obra de More é que ela recorreu à alegoria (como no Diálogo do conforto, ostensivamente uma conversa entre tio e sobrinho) ou está altamente estilizada, ou ambos, o que lhe abre um largo campo interpretativo .

Como intelectual, ele foi inicialmente um humanista no sentido consensual do termo. Latinista, escreveu uma "História de Ricardo III" em texto bilíngüe latim-inglês, em que Shakespeare, mais tarde se basearia para escrever a peça de igual nome. Foi um grande amigo de Erasmo de Roterdão que lhe dedicou o seu "In Praise of Folly" (a palavra "folly" equivale à "moria" em grego).

Era um leitor das obras de Santo Agostinho e traduziu para o vernáculo "A Vida de Pico della Mirandolla", obras que exerceram sobre ele grande influência. Escolheu John Colet, sacerdote, como diretor espiritual, que lhe estabeleceu um plano intenso de práticas pietistas.

De Morus teria dito Erasmo: "É um homem que vive com esmero a verdadeira piedade, sem a menor ponta de superstição. Tem horas fixas em que dirige a Deus suas orações, não com frases feitas, mas nascidas do mais profundo do coração. Quando conversa com os amigos sobre a vida futura, vê-se que fala com sinceridade e com as melhores esperanças. E assim é More também na Corte. Isto, para os que pensam que só há cristãos nos mosteiros."
Thomas Wolsey, Arcebispo de York, não foi bem sucedido na sua tentativa de conseguir nem o divórcio, nem a anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão como pretendia Henrique VIII de Inglaterra e foi forçado a demitir-se em 1529. More foi nomeado chanceler em sua substituição, sendo evidente que Henrique ainda não se tinha apercebido da rectidão de caráter de More nesta matéria.

Sendo profundo conhecedor de teologia e do direito canónico e homem piedoso - More via na anulação do sacramento do casamento uma matéria da jurisdição do papado, e a posição do Papa Clemente VII era claramente contra o divórcio em razão da doutrina sobre a indissolubilidade do matrimônio. Contrário às Reformas Protestantes então já efetuadas e percebendo que na Inglaterra poderia acontecer o mesmo (devido às questões pessoais do soberano que conduziram à crise político-diplomática com Roma), More - apoiante das decisões da Santa Sé e arraigadamente católico - deixa seu cargo de Lord Chancellor do rei em 16 de maio de 1532, provocando desconfiança na Corte e em Henrique VIII particularmente.

A reacção de Henrique VIII foi atribuir-se a si mesmo a liderança da Igreja em Inglaterra sendo o sacerdócio obrigado a um juramento ao abrigo do Acto de Supremacia que consagrava o soberano como chefe supremo da Igreja.

More escapara, entretanto, a uma tentativa de o implicar numa conspiração. Em 1534, o parlamento promulgou o "Decreto da Sucessão" (Succession Act), que incluía um juramento (1) reconhecendo a legitimidade de qualquer criança nascida do casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, sua segunda esposa, e (2) repudiando "qualquer autoridade estrangeira, príncipe ou potentado". Tal como no juramento de supremacia, este apenas foi exigido àqueles especificamente chamados a fazê-lo, por outras palavras, a todos os funcionários públicos e àqueles suspeitos de não apoiarem Henrique.
More foi convocado, excepcionalmente, para fazer o juramento em 17 de abril de 1534, e, perante sua recusa, foi preso na Torre de Londres, juntamente com o Cardeal e Bispo de Rochester John Fisher, tendo ali escrito o "Dialogue of Comfort against Tribulation". A sua decisão foi manter o silêncio sobre o assunto. Pressionado pelo rei e por amigos da corte, More decidiu não enumerar as razões pelas quais não prestaria o juramento.

Inconformado com o silêncio de More, o rei determinou o seu julgamento, sendo condenado à morte, e posteriormente executado em Tower Hill a 6 de julho. Nem no cárcere nem na hora da execução perdeu a serenidade e o bom humor e, diante das próprias dificuldades reagia com ironia. Mesmo nos últimos quatro dias de vida não abandonou os rigores da penitência, com desejos de purificação.[3] Na segunda-feira, 5 de julho, enviou à sua filha Meg a camisa-cilício e uma pequena carta escrita com a ponta de um graveto. São as últimas palavras que escreveu.[4]

Pela sentença o réu era condenado "a ser suspenso pelo pescoço" e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e decapitado. Em atenção à importância do condenado o rei, "por clemência", reduziu a pena a "simples decapitação". Ao tomar conhecimento disto, Tomás comentou: "Não permita Deus que o rei tenha semelhantes clemências com os meus amigos." No momento da execução suplicou aos presentes que orassem pelo monarca e disse que "morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro."

A sua cabeça foi exposta na ponte de Londres durante um mês, foi posteriormente recolhida por sua filha, Margaret Roper. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de julho de 1535 "antes das nove horas", ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. Ele está sepultando na Capela Real de São Pedro ad Vincula.[5]
Sua trágica morte - condenado a pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII de Inglaterra como cabeça da Igreja da Inglaterra, é considerada pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário.

Devido à sua retidão e exemplo de vida cristã, foi reconhecido como mártir, declarado beato em 29 de dezembro de 1886 por decreto do Papa Leão XIII e canonizado, conjuntamente com São João Fisher em 19 de maio de 1935 pelo Papa Pio XI. O seu dia festivo é 22 de junho.

Deixou vários escritos de profunda espiritualidade e de defesa do magistério da Igreja. Em 1557, seu genro, William Roper, escreveu sua primeira biografia. Desde a sua beatificação e posterior canonização publicaram-se muitas outras.
Em 2000, São Thomas More foi declarado [6] "Patrono dos Estadistas e Políticos" pelo Papa João Paulo II:

Esta harmonia do natural com o sobrenatural é talvez o elemento que melhor define a personalidade do grande estadista inglês: viveu a sua intensa vida pública com humildade simples, caracterizada pelo proverbial «bom humor» que sempre manteve, mesmo na iminência da morte.
Esta foi a meta a que o levou a sua paixão pela verdade. O homem não pode separar-se de Deus, nem a política da moral: eis a luz que iluminou a sua consciência. Como disse uma vez, "o homem é criatura de Deus, e por isso os direitos humanos têm a sua origem n'Ele, baseiam-se no desígnio da criação e entram no plano da Redenção. Poder-se-ia dizer, com uma expressão audaz, que os direitos do homem são também direitos de Deus" (Discurso, 7 de abril de 1998). É precisamente na defesa dos direitos da consciência que brilha com luz mais intensa o exemplo de Tomás Moro. Pode-se dizer que viveu de modo singular o valor de uma consciência moral que é "testemunho do próprio Deus, cuja voz e juízo penetram no íntimo do homem até às raízes da sua alma" (Carta enc. Veritatis splendor, 58), embora, no âmbito da acção contra os hereges, tenha sofrido dos limites da cultura de então.[6]

John Fisher

John Fisher (Beverley, Yorkshire, Inglaterra, c. 1469 — Tower Hill, Tyburn, Londres, 22 de junho de 1535) foi cardeal e bispo de Rochester, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique VIII. É venerado como mártir e santo pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana.
Filho de Robert Fisher, rico comerciante, e de sua esposa Agnes, formou-se e conseguiu o doutorado em Teologia na Universidade de Cambridge.

Permaneceu em Cambridge, no princípio como diretor de sua faculdade, Miachaelhouse, (mais tarde parte do Trinity College) de 1497 a 1501; depois como vice-reitor da Universidade, de 1501 a 1504 e, a final com uma nomeação vitalícia como reitor, a partir de 1504.

Exerceu uma grande atividade fomentando o humanismo e conseguindo que o humanista holandês Erasmo de Roterdão ensinasse em Cambridge. Não obstante, como eclesiástico, Fisher se opôs de forma enérgica à Reforma Protestante, sobretudo às doutrinas de Martinho Lutero.
Em 17 de dezembro de 1491 foi ordenado sacerdote em York e nomeado vigário de Northallerton. Em 1497 a Condessa Margarida Beaufort de Richmond e Conde Derby, mãe do futuro Henrique VII de Tudor, o elegeu como capelão e confessor pessoal.

Bispo de Richmond de 1504 (com direito de participar da Câmara dos Lordes), foi tutor do Príncipe Henrique e foi nomeado representante da Coroa Inglesa no Concílio Lateranense V (1512).
Em 1527 opôs-se ao plano do rei Henrique VIII, da Inglaterra, de divorciar-se de Catarina de Aragão, de quem era confessor. Lembrou ao Rei que este não poderia desconsiderar a dispensa dada pelo Papa Júlio II para a realização do casamento.

Em 1534 recusou-se a jurar obediência ao "Ato de Supremacia" de Henrique VIII de Inglaterra, por isto foi encarcerado na Torre de Londres juntamente com Thomas Morus que igualmente assim tinha procedido. Na prisão, ainda, foi criado Cardeal do Título dos Santos Vital, Valeria, Gervásio e Protásio pelo Papa Paulo III em 17 de Maio de 1535.

Foi submetido a julgamento, e acusado de ato de traição ao negar-se a aceitar Henrique VIII como cabeça da Igreja.

Condenado à morte, um mês depois de ter sido preso, em 17 de Junho de 1535, e foi decapitado cinco dias depois, no dia 22.

Está sepultando na Capela Real de São Pedro ad Vincula.

Foi beatificado em 29 de dezembro de 1886 pelo Papa Leão XIII e canonizado pelo Papa Pio XI em 19 de maio de 1935. Sua festa, juntamente com a de São Thomas Morus, comemora-se no dia 22 de junho na Igreja Católica e em 6 de julho na Igreja Anglicana.